domingo, 20 de julho de 2008

Dercy Gonçalves is dead. Boo hoo…

Sinto pena dela. Não por ter morrido, mas por ter vivido tanto anos.
É engraçado ver do que a esperança humana é capaz: a morte é a única certeza que temos nessa vida, mas temos sempre esperança de que não teremos que encará-la.
A morte de alguém costuma ser sempre um acontecimento triste. Mesmo aqueles “sem nome” que moram nas ruas devem ter alguém sentindo sua falta e esperando ansiosamente pelo dia em que voltarão para casa, querendo acreditar que eles estão por aí, tentando consertar a vida e voltar como uma pessoa melhor. É melhor pensar isso do que ter que encarar a triste realidade de que, provavelmente, eles foram enterrados numa cova rasa e de curta estadia.
Parece-me que todos os esforços da humanidade têm sido direcionados à grande conquista de se viver alguns anos mais. Embora seja perfeitamente entendível que as pessoas queiram viver mais, às vezes me pergunto se viver tanto assim realmente faz as pessoas mais felizes. Às vezes eu acho que viver tantos anos faz com que nos esqueçamos de quem realmente fomos, fazendo os bons momentos de nossas vidas tão distantes que começamos a nos perguntar se realmente existiram.
Eu, por exemplo: ainda tenho 22 anos e me pergunto se é mesmo verdade que fui tão feliz quando tinha 15, 16, 17 anos. Provavelmente, quando envelhecer, vou ficar pensando que era extremamente feliz aos 22, mas não tinha consciência disso.
Às vezes acho que morrer no auge de sua vida, de sua juventude, é a melhor forma de morrer. Vejo a vida como um gráfico: existe um ponto em que a gente apenas sobe, até alcançar a felicidade. Mas, dali para frente, é só queda. Acredito que seja muito mais interessante morrer conhecendo apenas o lado bom da vida, em vez de viver com o lado sombrio de se decepcionar com pessoas, com a condição humana, com a morte de quem amamos e, principalmente, com o vazio que a vida se torna com o passar dos anos. Uma atitude um tanto egoísta, eu sei. Afinal, se a morte dos outros é o fato mais triste na vida de alguém, devo considerar que tenho “outros” que sentirão minha falta e que terão a sensação de terem perdido alguma coisa, além daqueles que morrerão comigo. Mas, vendo a outra face do egoísmo, as pessoas ainda têm esperança e insistem em acreditar que o futuro pode ser melhor. Claro que elas não fazem muito para que realmente seja melhor, mas a esperança tem movido a humanidade desde sempre, tornando meu egoísmo desimportante. Então, acho que estamos quites.

2 comentários:

ASILOPOÉTICO disse...

A desesperança está fundamentada
no que sabemos, que não é nada,
e a esperança sobre o que ignoramos,
que é tudo!

Anônimo disse...

''Live fast, die young.''(Acho que Marlon Brando)
"Seja um belo cadáver: morra jovem." (Jim Morrison, morreu com 27)
"É melhor viver dez anos a mil que mil anos a dez." (Janis Joplin, também morreu com 27)
E o que será de nós?
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